MÃE GANGA

A Deusa Ganga é a Personificação do Rio Ganges. Ela também é irmã de Parvati. Seu veículo é um jacaré.




Como Ganga veio do Céu para a Terra:


Certo rei, chamado Sagara, tinha 60.000 filhos, que foram queimados até as cinzas pelo sábio Kapila, quando buscavam um cavalo perdido do pai. O tátara tataraneto de Sagara, Bhagiratha, se converteu em sábio, e assim impressionou a Ganga que apareceu à ele em forma humana, que se ofereceu para purificar as cinzas dos 60.000 filhos de Sagara. No entanto, a Deusa era tão poderosa que se caísse em terra, a destruiria. O Senhor Shiva foi persuadido à permitir que Ganga, em sua forma terrena de rio, passasse através de seus cabelos. E assim, dividindo-se em muitos afluentes quando caíram em terra, não causou nenhum dano à Terra. Os hindus consideram sagrado o Rio Ganges e fazem oferendas à Mãe Ganga, pois o Rio Ganges é a manifestação terrena da Deusa. As principais cerimônias são realizadas onde os 3 rios (Ganges, Yamuna e Saraswati) se encontram. Os lugares mais procurados para a esta cerimônia são Varanasi, Raridwar, Ganga Sagar. Esta cerimônia é chamada de Ganga Puja ou Kumbhamela que é realizada 1 vez por ano. Porém a mais importante é a Maha Kumbhamela, que é realizada de 12 em 12 anos. Nesse período, todos os sadus descem das montanhas e incontáveis peregrinos de todos os lugares do mundo fazem austeras viajens para participar de tão auspiciosa comemoração e trazem suas oferendas. Alguns carregam altares espetados em seus próprios corpos, caminhando por muitos quilômetros a fim de agradar a Deusa Ganga.........


(SHIVA ACEITA SUSTENTAR O RIO GANGES)



De acordo com a mitologia hindu, os deuses e os demônios combateram um dia para a posse de um vaso (kumbh) que continha o amrit, néctar ou bebida sagrada. Vishnu, a divindade que sustenta o universo, teria roubado o vaso dos demônios, levando-o para o céu. Durante a luta, quatro gotas da bebida divina teriam caído na terra, em quatro lugares diferentes da Índia. Esses lugares, onde o divino encontrara o humano, são considerados lugares sagrados.

O grande festival Maha(grande) Kumbh Mela é celebrado nesses lugares, a cada doze anos, justamente para celebrar o contato da substância divina com a terra. Neste ano, o festival está sendo celebrado em Allahabad, que é considerado o mais importante dos quatro, pois lá se encontra a confluência dos dois rios sagrados Ganges e Yamuna e onde um terceiro, o Saraswati, um rio invisível em cuja existência os hindus acreditam, entra diretamente do céu na confluência dos dois rios anteriores.

O objetivo dos peregrinos é o banho na confluência desses rios: para eles, isso lava as culpas das pessoas, compensando até uma vida inteira de comportamentos pecaminosos e oferece a chance de uma existência mais nobre e em melhores condições na próxima reencarnação. É verdade que, todos os dias do ano, chegam peregrinos para se banharem nas águas dos rios sagrados e que para muitos, em qualquer dia, se consegue a purificação desejada. Contudo, segundo alguns hindus ortodoxos, fazer isso no tempo do Kumbh Mela e no dia da lua nova, dá maior garantia de ter suas culpas lavadas e até pode garantir a salvação total, isto é, a liberdade de novas reencarnações depois da morte.


Kumbh Mela é a maior das peregrinações indianas e a maior reunião de pessoas que uma confissão religiosa jamais conseguiu realizar no mundo inteiro. Milhões de peregrinos de todos os rincões da Índia e até do exterior, falando diferentes línguas, dos mais variados costumes e culturas, encontram-se para o santo mergulho nos rios sagrados.

Durante o Kumbh Mela, uma cidade de tendas é erigida pelo governo e, por mais de dois meses, ela hospeda milhões de devotos. O festival, se não é limitado só aos indianos, também não é freqüentado só pelos hindus. Muitas pessoas, adeptas de todas as religiões e de todas as partes do mundo, participam dos festejos. O festival começa dia janeiro e termina em março. Os dias mais aconselhados para os banhos são 14, 24 e 29 de janeiro e 8 e 21 de fevereiro, por ser mais propício para a purificação, quando o poder purificador das águas é maior.

Um lugar de destaque é o das tendas dos sadhu, ou ascetas, homens santos, que recebem os fiéis. Há vários tipos de sadhu: yogi, saniasi, mahatma, swami, baba. Nós os conhecemos, pelo nome genérico de guru, palavra que vem da língua sânscrita, formada pelas duas palavras gu(luz) e ru(escuridão).

Esses gurus - ou sadhus - ocupam um lugar central no meio da multidão dos peregrinos que participa do festival: lêem e explicam os antigos textos sagrados, dão conselhos sobre como enfrentar as dificuldades da vida, são exemplos de ascese e mortificação.

O banho purificador nas águas dos rios sagrados é um dos poucos momentos em que as diferenças e as barreiras, que caracterizam a sociedade indiana, desaparecem: lado a lado no rio, podem se encontram os brâmanes, membros das castas mais altas, e os párias ou intocáveis, isto é, os sem casta.

A cerimônia do banho, nos dias de maior afluência de pessoas, segue um ritual determinado. Na frente, vão os sadhu, divididos por categorias. A primeira é a dos nagas, uma das seitas mais respeitadas dos sadhus , que andam nus e cobertos de cinza. Terminado o banho ritual dos sadhus, todos os outros podem entrar, indianos de todas as partes do país e de todas as castas e estrangeiros.




O Rio Ganges é personificado no hinduísmo como uma deusa, Maa Ganga (Mãe Ganga), e seu aspecto físico surge na gruta de gelo conhecida como Gaumukh - a nascente geográfica do Ganges. De acordo com a mitologia, Ganga manifestou-se na forma de rio para absolver os pecados dos antepassados do lendário rei Bhagiratha.

Banhar-se no Ganges é a ambição de uma vida para muitos devotos. Os hindus crêem que um mergulho ritual no rio livra-os de pecados, mesmo os gravíssimos, como o assassinato de brâmanes, a mais superior das castas. Acham também que ter suas cinzas nele depositadas melhora seu carma ou até mesmo antecipa a libertação do eterno ciclo de morte e renascimento.

Acredita-se também que sua água nunca estrague, mesmo com a enorme quantidade de impurezas nele despejadas. Os degraus de pedra que levam ao rio, chamados pelos indianos de ghats, são o centro espiritual de Haridwar. Um desses, o Har-Ki-Pairi ("degraus de Deus"), é tido como o local preciso onde o Ganges deixa as montanhas e chega às planícies.

Ao anoitecer, os degraus ganham ainda mais vida e beleza. Sempre tomado de coloridas multidões, o Ganges fica ainda mais belo quando os peregrinos acendem velas flutuantes para homenagear seus ancestrais, enquanto cânticos religiosos são entoados pela massa. É a cerimônia de "Ganga Arati".

Os ghats de Haridwar são considerados o ponto onde o Ganges encontra a planície, é em outro lugar que o rio parece de fato deixar o domínio dos deuses, seguindo finalmente seu lento flagelo rumo ao Golfo de Bengala, onde deságua. Essa transição está nos meandros de Rishikesh, outra cidade sagrada situada na baixa cadeia de montanhas que antecede o Himalaia.

No principal dia das celebrações, as procissões seguem para o Ganges aos milhões. Elas são lideradas pelos nagas, uma ordem de ascetas seguidores de Shiva que abdicam totalmente de vestimentas, cobrindo seus corpos apenas com cinzas.

Segundo o mito, os deuses extraíram do oceano o elixir da imortalidade. Para não ter de dividi-lo com os demônios, os deuses então fugiram durante 12 dias, deixando cair quatro gotas na Terra. A lenda diz que uma dessas gotas caiu onde hoje fica o Har-Ki-Pairi, principal ghat (série de degraus) cerimonial de Haridwar. Assim, os peregrinos comparecem em massa para banhar-se ali, esperando se libertar do eterno ciclo de renascimentos, espadas e lutas.

Hoje Rishikesh está repleta de pousadas para mochileiros e templos para peregrinos e estudiosos. Isso porque se acredita que meditar em Rishikesh também aproxime os devotos da salvação. Assim, longas pontes suspensas atravessam o rio, sempre congestionadas pelo deslocamento de pedestres, macacos, vacas e motos. Mas mesmo com o movimento intenso, algumas partes da cidade ainda oferecem a tranqüilidade necessária para a meditação, com pequenas cabanas escondidas em bosques silenciosos e tranqüilas praias fluviais.



Rishikesh é também a estação final dos trens para quem quer ir à nascente do Ganges. Daqui em diante segue-se de carro, ônibus ou caminhão por longas estradas repletas de curvas e à beira de vales e precipícios. As perigosas ultrapassagens de veículos sobrecarregados garantem o ar de aventura e desafio. O rio, por sinal, tem outro nome aqui: Bhagirathi. Ele só passa a se chamar Ganges em sua confluência com o Rio Alaknanda, outro de seus braços sagrados.

Ao longo da estrada, o curso d'água finalmente pode ser admirado em seu ambiente natural, cercado de verde e ainda sadio, emoldurado por íngremes montanhas pontilhadas de vilarejos remotos. Depois de passar os portões, entra-se de fato na terra de tantos mitos. Não há região em toda a cadeia do Himalaia tão central no misticismo hindu quanto as montanhas do Garhwal, distrito onde fica a nascente. Lá, a população é predominantemente rural e majoritariamente hindu. Mas de castas altas. Até recentemente, essa rota demandava semanas numa viagem que cruza vales e montanhas selvagens. Apenas alguns sadhus se atreviam a desbravar.

A sensação dentre os que a esse ponto chegam é de profunda contemplação e reverência. É como se os visitantes fossem convidados de honra na morada dos deuses, uma zona onde o limite entre o mito e o real parece mais tênue.


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